Perdido

Terça-feira passada eu mudei de apartamento e de bairro, fui para um lugar onde nunca eu tinha ido antes, mas o ap era melhor, maior, e dividindo em mais 3, também ficava mais barato.

Cheguei na faculdade atrasado devido à mudança, assisti as duas últimas aulas e fui embora, sozinho, 11 horas da noite. Estava escuro como de costume, nesse horário aqui não costuma ser claro, e eu fui seguindo pelo rumo, desci a rua que deveria descer, mas não achei o meu ap, fiquei rodando e rodando a pé, sozinho. Aí eu comecei a ver como são as coisas quando você está perdido, tudo parece horrível, os cães parecem ferozes e, galpões abandonados surgem, lugares escuros são pavorosos. Continuei minha caminhada em busca da minha casa que eu não sabia onde era, estava eu e minha mochila, já estava sem sentido de direção e muito menos de espaço e, até mesmo um simples poodle, bola de pêlo gay que late, parecia a mais incrível besta pronta para matar.

A hora passava e só fazia aumentar o meu desespero e o pensamento, estou fodido, hoje durmo na rua. Meu pé doía - estava de sapatênis, na bagunça da mudança não achei nada mais confortável - minha mente girava, tudo parecia conspirar contra mim. A sensação de durmir usando a calçada como colchão e as apostilas como travesseiro era assustadora, então passei na frente de um hotel e parei para perguntar o preço, isso foi mais assustador do que a última sensação que tive. Sem dinheiro, sem cama, sem noção de onde eu estava, só me restava durmir no chão, mas eis que acho uma rua conhecida e me vem a grandiosa idéia de ir até a casa de uma amiga minha pedir cama. (no bom sentido de apenas dormir). Andei um bom tempo e cheguei até à casa de minh amiga, é um prédio e o porteiro não queria interfonar para lá porque era muito tarde, já passava das 12:30. E eu não tinha o telefone dela porque o meu celular morreu após um trágico acidente. Convenci o idiota do porteiro a telefonar para lá, ele interfonou, explicou o que estava acontecendo e ela convidou-me para subir para sua casa para dormir. Tinha um quarto de visitas, fui para lá e dormi.

Nesse dia descobri que para quem não tem nada, uma cama é tudo!